Maria Paim nunca negou a origem de José, omitindo o fato do sequestro. Dizia que sua mãe o havia dado para que ela o criasse. A verdade só veio à tona muito mais tarde.
José trabalhava na cidade de Ubá e era comum os intelectuais se reunirem em confeitarias. Naquela época era de praxe as pessoas perguntarem: "Quem são seus pais?" A que família você pertence?"
Numa noite, estavam reunidos diversos amigos, inclusive um professor que lecionava no Colégio São José - Ubá, quando começou o questionário. Entre uma pergunta e outra, José contou que tinha nascido em Diamantina, o nome de seus pais e, relatou que havia sido criado por uma escrava de dentro de casa e de muita confiança, que atendia somente à sua mãe que era muito doente. Contou tudo, conforme sua mãe de criação contava para ele. Ouvindo a conversa de José, um professor, de nome Raimundo, interrompeu a conversa e disse: "Você é meu tio. Você é irmão de minha mãe. Conheço sua história. Você foi muito procurado por sua família" e, contou que seu sequestro havia abreviado a morte de sua mãe. Dali nasceu uma grande amizade entre tio e sobrinho. E quanto mais amigos ficavam, mais o sobrinho o incentivava a ir à Diamantina conhecer sua família.