Um pouco da história da família de José Gomes de Oliveira, ou Juca Paim em Dores do Turvo.

A idéia de contar esta história surgiu durante a inauguração da sala de informática da Escola Municipal de Dores do Turvo, "Eufrosina da Silva Gomes" (minha avó paterna), Naninda , como era carinhosamente chamada.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Lembranças compartilhadas 3

Celsinho III
"Rei da batata doce (o batatão). Estavamos na pensão passando férias de julho. Muito frio.  Parecia que estavámos no Alaska. Não sei quem teve a  idéia de fazer uma fogueira  no terreno da pensão, ao lado de onde hoje se faz o churrasco, e a infeliz idéia de procurar batata doce para assar na brasa da fogueira. Aí começariam os meus problemas: Zé Gomes e Fernando (com mais ou menos 14 / 15 anos)  fizeram um concurso: Quem achasse a maior batata doce iria com os dois, a pé, até a casa do Zé Inês. No dia seguinte, é claro que eu (com mais ou menos 10 anos) achei a maior batata doce do mundo. Parecia uma jaca disfarçada de batata, para tristeza do Daniel e do Carlinhos. Estava todo bobo, estava me achando. Mal sabia o que estava me esperando. Saímos da pensão, Fernando, Zé Gomes e eu. Olhei para trás e vi, Daniel e Carlinhos com aquela cara de decepção, sentados ali embaixo da pensão. No meio do caminho (parecia que eu tinha corrido uma maratona inteira), os dois perguntaram  se eu estava cansado e eu dissse que não. Eu não estava cansado. Estava morto. Minhas pernas (pequenas) estavam começando a ficar dormentes, mas eu  não podia passar vergonha, não podia perder o foco. Enfim, chegamos à casa do Zé Inês. Pensei que tínhamos saido num dia de manhã e chegado no outro dia de manhã.  Tirando a viagem, o dia  foi ótimo . Bebemos caldo de cana , comemos melancia, manga . conversamos muito e depois voltamos para a pensão. Estava  muito otimista e então pensei, vai passar uma charrete ou até um carro de boi e eu vou pedir carona até a praça. Do jeito que eu estava cansado  pegaria carona para qualquer lugar. Não passou nem um boi perdido. Acho que naquele dia fizeram greve de transportes em Dores (estavam pedindo reajustes nas passagens de charretes e dos carros de boi). Enfim, chegamos na praça. Achei que era uma miragem . Felizmente não era. Realmente chegamos e fomos para pensão. Daniel e Carlinhos estavam me esperando,  sentados ali embaixo da pensão, no mesmo lugar. Eles, rindo,  perguntaram se eu estava cansado. Disse que não, eu não podia passar vergonha. Não podia perder o foco. Estava mesmo, estava precisando de uma ambulância com balão de oxigênio. Para a minha tristeza, ainda faltava um útimo obstáculo a ser superado. A escada da pensão (parecia a escadaria da igreja da Penha). Não sei se eu fui  carregado. Não me lembro.  Observação: eu não sabia que escada rolante fazia tanta falta. Até um mesmo um teleférico resolveria o meu problema. Conclusão: se  alguém convidar vocês para fazer fogueira e depois comer batata doce, fuja, é fria. Que saudade da nossa infância. Um beijo a todos . Celso Henrique."                                     

domingo, 14 de novembro de 2010

Os caminhos de José - Parte 8

Ele preparou a mala e, em companhia de um empregado de confiança chamado Antônio, foi à Diamantina, onde foi muito bem recebido, com muitas festas, pois seu sobrinho já havia escrito contando sobre o encontro ocorrido entre eles. A grande distância entre as duas cidades, as crianças muito novas, a dificuldade de transporte, fez com que Eufrosina não pudesse ir com ele conhecer seus familiares.  José conheceu seus irmãos, todos os parentes e ficou hospedado na casa de sua irmã, Gabriela. Conheceu toda a cidade onde havia uma rua com o nome de sua mãe, pois todas as casas da rua pertenceram à Jacintha, sua mãe.José prometeu que voltaria mais tarde com sua esposa e filhos para que todos se conhecessem. Feliz com aquele breve, mas alegre convívio com sua família, voltou para Ubá. Nunca mais voltou a ter contato com sua família, talvez por sua repentina e prematura morte.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Lembranças compartilhadas 2

Outra do Celso:
"CARRO DE BOI II . Da última vez que fui à Dores ( uns três ou quatro anos ), estava na  cozinha , como sempre, com o Daniel e o Carlinhos . Eles me chamaram para ver o carro de boi que estava passando , eu achei que era sacanagem deles, porque eu não estava ouvindo o barrulho inconfundível daquela enorme roda  de madeira. Não era sacangem, era um carro de boi. Desci a escada correndo e já emocionado mas, quando vi o carro de boi , quase chorei, mas não foi de emoção, foi de tristeza. A roda do carro de boi era de automóvel. Resumindo, era sacanagem deles. Quase falei com o homem que guiava o carro de boi, que aquilo era falta de respeito. Na verdade me deu vontade de brigar com ele tamanha a minha decepção. Não se faz mais carro de boi como antigamente. Que saudade. É uma enorme emoção poder lembrar e  falar destas coisas. Me lembrei de uma outra história - A PRACINHHA ANTIGA. Esta, eu conto depois."

Lembranças compartilhadas 1

Esta é do Celsinho.
CARRO DE BOI I
"Nunca esqueci. Quando passava um carro de boi (o barulho daquela enorme  roda de madeira era inconfundível ), todos nós, com mais ou menos 10 anos de idade, corríamos para pegar carona até a praça . Um subia e dava a mão para o outro subir. Muito legal . E quando o carro de boi vinha carregado com milho , madeira para fogão à lenha ou outra carga , era uma decepção enorme . Lembro perfeitamente da cara do Daniel e do Carlinhos .  Fui escrevendo e ficando emocionado , com os olhos cheios de lágrimas. Muitas , muitas saudades. Acho que quando  me lembrar e for escrever mais alguma coisa, vou tomar remédio para o coração ( prevenção )."
Lembrar que corríamos, até de pijamas, para subir no carro de boi, para chegar no fim da rua, descermos e voltarmos a pé para a Pensão.

domingo, 31 de outubro de 2010

Os caminhos de José - Parte 7

Maria Paim nunca negou a origem de José, omitindo o fato do sequestro. Dizia que sua mãe o havia dado para que ela o criasse. A verdade só veio à tona muito mais tarde.
José trabalhava na cidade de Ubá e era comum os intelectuais se reunirem em confeitarias. Naquela época era de praxe as pessoas perguntarem: "Quem são seus pais?" A que família você pertence?"
Numa noite, estavam reunidos diversos amigos, inclusive um professor que lecionava no Colégio São José - Ubá, quando começou o questionário. Entre uma pergunta e outra, José contou que tinha nascido em Diamantina, o nome de seus pais e, relatou que havia sido criado por uma escrava de dentro de casa e de muita confiança, que atendia somente à sua mãe que era muito doente. Contou tudo, conforme sua mãe de criação contava para ele. Ouvindo a conversa de José, um professor, de nome Raimundo, interrompeu a conversa e disse: "Você é meu tio. Você é irmão de minha mãe. Conheço sua história. Você foi muito procurado por sua família" e, contou que seu sequestro havia abreviado a morte de sua mãe. Dali nasceu uma grande amizade entre tio e sobrinho. E quanto mais amigos ficavam, mais o sobrinho o incentivava a ir à Diamantina conhecer sua família.

Os caminhos de José - Parte 6

Foram muitas as igrejas por ele pintadas. Não serão mencionadas em ordem cronológica: Rio Pomba, Guarani, Mercês, Teixeira, Alto Rio Doce, Desterro do Mello, Ubá, Ponte Nova, Ressaquinha, Lima Duarte. Pintou, também, o Palácio do Bispo e o Colégio Imaculada Conceição de Mariana. Em Barbacena, pintou a Matriz, a Igreja São Geraldo e o Colégio Imaculada Conceição. A Igreja em Tabuleiro, também foi por ele pintada. Talvez existam algumas obras que não sejam do conhecimento da família.

sábado, 30 de outubro de 2010

Os caminhos de José - Parte 5

José especializou-se em pinturas sacras, além de ser, também, um perfeito restaurador. Por esse motivo, morou em várias cidades de Minas Gerais, esse foi o motivo de seus filhos terem nascido em cidades diferentes, como segue: José nasceu em Descoberto. Por ser primogênito, sua esposa naturalmente preferiu que nascesse perto de seus pais. Raphael e Maria Angélica, em Rio Pomba; Murilo e Celso, em Guarani; Myrthes, em Ponte Nova; e Daniel e Hilda, em Barbacena.